sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Fallen Stars - Cap 1

Não dormi outra noite. Não quero mais pesadelos. Eu nunca tenho sonhos normais, sempre são sobre coisas do passado, como uma mulher deixando uma cesta na porta de um orfanato. Adivinha o que havia na cesta? Um bebê gordo e irritante. Irritante o suficiente para a mãe o abandonar.

   Durante toda a minha vida não muito longa, fui rejeitada por todo mundo. Até mesmo meus pais não me quiseram. E pra piorar, tenho que aguentar visões bestas sobre a emocionante história da minha vida. 

-Você não dormiu de novo. - murmurou Debby, minha melhor amiga, na cama ao lado.
-Não sou obrigada.
-Pesadelos, não é? Todo mundo tem, inclusive eu. Mas nem por isso você tem que ficar acordada.
-Mas é sempre o mesmo sonho! E é horrível assistir a mim mesma sendo abandonada!
-Nunca passei por isso, mas entendo você ter sonhos ruins. Hoje tive um sonho estranho.
-Como foi?
-Eu vi você. E um...garoto de cabelos pretos e olhos verdes. Uau, ele era gato.
-Continue. E não dê detalhes sobre o garoto.

-Ok. Então, havia você e esse garoto. Estavam em uma praia. Você estava chorando, e ele te abraçava. Ele dizia que você não era uma aberração, mas você discordava. Então aparece uma garota loira, e chama o garoto gato. Ele vai, e você fica lá sozinha. Então aparece um outro garoto, mas esse parece ser mais novo. Ele tem o cabelo preto também, mas as semelhanças acabam por aí. Tem os olhos pretos e profundos, e é muito pálido. Ele diz que te entende, e que se for pra você ser uma aberração, ele estaria com você, porque também era.

-Que sonho estranho. Gostei desse garoto.
-Sim, olhos verdes são lindos.
-Não, não esse. O outro. Dos olhos fundos.
-Você prefere o garoto pálido dos olhos fundos à um moreno musculoso, de olhos verdes? Ok, você é estranha.
-Sim, eu sou. Por isso você gosta de mim.- eu digo, e ela ri.

-Bom dia, flores do dia!! - gritou a voz de Ellizabeth, a diretora do orfanato, em seu megafone.
    
Aos poucos, as outras meninas (o orfanato era dividido por sexo) foram levantando e se dirigindo ao banheiro, e junto a elas, estavam eu e Debby. 
- O que acontece depois que o garoto pálido fala aquilo? - pergunto.
-Prefiro não dizer. - ela responde com um sorriso bobo.
Escovamos os dentes, e nos dirigimos ao refeitório.
Debby parecia feliz.

-Você sabe que dia é hoje, não sabe, Miss? - esse era o apelido que ela havia me dado, e só ela podia me chamar assim.
-Domingo? - perguntei com um sorriso irônico, enquanto dava uma mordida em minha maçã.
-Também, mas principalmente, hoje é dia de adoção. Esqueceu que ontem os adultos vieram nos visitar?
-Não. Ninguém foi até mim mesmo, então pra quê ficar feliz? 
-Um homem de boné ficou observando nós duas.
-Ele pode ser um pedófilo.
-Você não vê lado bom em nada!! Eu tenho fé, sabia? Talvez ele queira nos adotar.
-Ou talvez ele seja um pedófilo.

Debby riu. Ela ria de qualquer coisa, e sempre estava sorrindo. Eu admirava isso nela. Eu admirava tudo nela. Seu cabelo ruivo ondulado, seus olhos azuis, até as pequenas sardas em seu rosto. Sempre a achei mais bonita que eu.
Tudo bem, eu sou loira, e tenho olhos verdes, da cor do mar, mas além disso, o que sou?
Anti-social. Chata. E estranha. Principalmente estranha.

-Tudo bem. Você espera que eu me atreva a ter esperanças.
-Espero que você deixe de ser tão...você.
-Você quer que eu seja quem? Harry Styles?
-Não, mas também seria bom. Ele é um gato.

Revirei os olhos. Quando Debby resolvia ser uma "típica adolescente", realmente me irritava. "Ei, você viu o vestido que a Demi Lovato usou em tal premiação? Estava lindo!"
"Ei, não coma isso! Tem carboidratos!"
"Esse garoto é lindo! Se não fosse proibido namorar aqui, eu fazia a festa."

-Você sabe que eu não gosto de "caras gatos". - eu disse, fazendo aspas com os dedos.
-Que nem o garoto do sonho, de olhos verdes? Bom, você tem que achar ele gato. ELE É O EXEMPLO PERFEITO DE UM CARA GATO!!! - ela gritou e se levantou da mesa por uns instantes. Todo mundo olhou pra gente.
-Por isso que eu não gosto. É tão típico.
-Você tem problemas. Sério. - ela disse, rindo e se sentando de novo.
-Ei! Eu só não sou como você. Meu gosto quanto a garotos é completamente diferente.

Terminamos de comer em silêncio. Ouvi a maldita voz de Ellizabeth dizendo para irmos para os quartos para nos arrumarmos, pois os adultos que quisessem nos adotar estariam a espera. Eu apenas coloquei uma camiseta preta qualquer, um short jeans e meu tênis cano alto preto e azul. Pronto.

-Você vai assim? - perguntou Debby, me olhando de cima a baixo. Para variar, ela estava com quilos de maquiagem, as melhores roupas que poderíamos ganhar de doação e o cabelo extremamente arrumado.

-Quer que eu use as roupas do Harry Styles?
-Você é bonita, Miss. Tem que dar valor a sua beleza. 
-Essa conversa de novo?
-Você tá precisando de uma base. E uma sombra. Vem aqui.
-NÃO!!- comecei a correr pelo quarto, ela atrás de mim com um estojo de maquiagem.

Eu saí do quarto, indo em direção à recepção, onde eu esqueci que estava cheia de adultos esperançosos. Quando cheguei lá, Ellizabeth estava dando uma de suas importantíssimas palestras sobre ter cuidado com as crianças, porque podem estar traumatizadas. Avistei um homem de boné, calça jeans e um taco de beisebol dormindo. Quando chegamos lá gritando e com o rosto cheio de maquiagem fora do lugar, o homem acordou, pegou o taco de beisebol e gritou:

-MORRAM!! MORRAM, MONSTROS HORRÍVEIS!! - ele batia no ar com o taco.
-O que estão fazendo aqui?? - perguntou Ellizabeth, enquanto os adultos se revezavam em olhar para eu e Debby, o homem maluco e Ellizabeth.
-Ãhn...queira nos desculpar, Diretora, estávamos apenas passando e...- começou Debby, mas se intrometeu, pensando no que falar.
-Sim, sim. Voltem agora para seus quartos, depois dessa cena, provavelmente nenhum adulto vai querer adotá-las. - Comentou a diretora, rindo da ideia de alguém que se interesse em duas garotas loucas manchadas de maquiagem.

-Veremos. - eu disse, já com raiva daquela mulher.
-O que disse?
- Além de feia e chata agora tá surda? - ela se calou. Abriu a boca e fechou duas ou três vezes, não sabendo o que falar. Ri com prazer.
-Também perde discussões com garotas de 14 anos?Parabéns, você deve dar muito orgulho à sua mãe. - eu ironizei, batendo palmas.
-Vá. Agora. Para. Seu. Quarto. - ela disse entre os dentes.
-Me arraste até lá.
-Garota, você está muito abusada!
-Oh, que medo, você vai me fazer dormir com suas palestras chatas? - eu disse com os braços pra cima, e o homem maluco riu.
-Gostei dessa garota!! Ei, espere...são vocês! - ele disse e puxou a mim e a Debby pelo braço, nos levando para a saída.
-O que está fazendo, senhor? - Perguntou a diretora, enquanto saíamos pela entrada do Orfanato.
-Ah, esperem! - o homem parou e nos abraçou.
-PEDÓFILO!! - Gritei, tentando me soltar do abraço.
-Quíron disse que eu devia ser carinhoso. - ele nos puxou pelo pulso de novo, e nos levou até uma biga ao longe, onde haviam dois adolescentes. Uma garota loira de olhos cinzentos e...
-O GAROTO DO SONHO!!! -  Gritou Debby.

Prestei mais atenção nele. Definitivamente não era meu tipo. Espera, eu tenho um tipo? Bom, eu sabia que não gostava do mesmo tipo que Debby, mas...nunca realmente tive um tipo.

-Garoto do sonho? Não estou sabendo de nada. - Afirmou o garoto, franzindo o cenho. - Quíron disse que mandaria Hedge buscar duas adolescentes, nos mandou apenas para vigia-lo, caso ele queira...bem, sou Percy. Esta é Annabeth. - ele estendeu a mão, para me ajudar a subir na biga.

-O que diabos está acontecendo? - perguntei, mas mesmo assim aceitei a mão e subi na carruagem.
-É complicado explicar... mas vocês duas são Semideusas. - disse a garota, Annabeth.
-Semideusas, tipo...filhas de deuses gregos? - perguntou Debby. Agora ela também estava na biga.
-Sim. Eu sou filha de Atena. Percy é de Poseidon. - ao ouvir o nome, estremeci.
-Poseidon, deus dos mares? - perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
-Sim...até que vocês estão levando numa boa. Tem gente que começa a gritar, correr e até... - Annabeth foi interrompida por um som de um gemido e o corpo de Debby caindo da biga - desmaiar.

Depois de colocar Debby de volta na biga, Sr. Pedófilo Carinhoso deu partida e por mais estranho que pareça, a biga começou a voar.

-Oh, céus, está voando!! - gritei, o que pareceu meio óbvio. Percy deu um sorriso.
-Lembro de quando soube que era um semideus... - ele começou, e olhou para Annabeth.
-Você baba enquanto dorme. - a garota disse, e os dois começaram a rir. 

Pelo que entendo de geografia, estávamos indo para Long Island. A paisagem abaixo era bonita. Debby ainda estava desmaiada, e pela sua expressão, o sonho não era bom.

-Eu e Debby temos sonhos estranhos. Isso é normal? - perguntei à ninguém em especial.
-Claro.Todos os semideuses têm. É algo completamente normal. Uma de vocês sonhou comigo? - perguntou Percy.

-Sim, Debby sonhou com você e com um garoto pálido, de cabelos pretos e olhos fundos.
-Nico. - Assim que pronunciou o nome, seus pelos do braço se arrepiaram. Ele rapidamente passou a mão pelo braço, tentando esconder, mas era tarde demais.
-Quem é Nico? - me atrevi a perguntar.
-Nico di Angelo, filho de Hades. O que acontecia exatamente nesse sonho?
-Debby não contou. - menti.
-Hum.

Seguimos o resto da viagem em silêncio. Eu não queria mais fazer perguntas, e definitivamente,esse tal Nico di Angelo afetou toda a conversa. Resolvi tirar uma soneca, já que estava com dor de cabeça. Acordo com um grito.

-AAAHHH!!! SEM MONSTROS, SEM MONSTROS!! - Definitivamente, era a voz de Debby.
-Hey, está tudo bem! Calma, calma! - Annabeth tentava acalma-la.
-Monstros, monstros...não foi nada legal. - Ela passou a mão pelos cabelos. - Droga, baguncei o cabelo!! Nesse lugar que estamos indo tem baby-liss?
Percy e Annabeth se entreolharam.
-Afrodite. - disseram em uníssono.

Seguimos em silêncio por 10 minutos, aproximadamente, até pousarmos em uma praia. Haviam vários adolescentes lá. Avistei um garoto loiro, de olhos azuis, de mãos dadas com uma morena de trança de lado, com uma pena, na frente.

-Annabeth, Percy! - Gritou a garota, que se aproximou. - Ah, quem são elas?
- Sou Missie. E ela é Debby. Prazer em conhecê-la. - eu disse a ela, que deu um sorriso.
- Sou Piper, e esse é Jason - ela disse, arrastando o loiro. Deu um beijo na bochecha dele, para deixar claro que eram namorados, sem parecer rude.

-Prazer. - Ele disse e sorriu, e eu percebi que ele tinha uma pequena cicatriz no lábio.
-Prazer em conhecê-los. - Debby saiu da biga, meio tonta.
-Onde está Leo? - perguntou Piper para Jason. - Esse garoto não sai do bunker 9 nem pra conhecer as campistas novas?
- Ele disse que está ocupado construindo.
-Ele sempre está. Enfim, onde está Quíron? - perguntou Piper, e imediatamente ouvi galopes de cavalos.

-Sejam bem-vindas! - Gritou um homem, que não era um homem. Quer dizer, da cintura para cima era. Mas dali pra baixo, tinha o tronco de um cavalo branco.
-Isso é...é um... - Debby parecia pasma.
-Um centauro. Sim. - respondeu o homem-cavalo.
-Legal!! - exclamei. - Vou gostar daqui.
-Percy e Annabeth já explicaram a vocês? - Perguntou Quíron.
-Mais ou menos. Sabemos que somos filhas de deuses, mas não sabemos que lugar é esse.
-Acampamento Meio-Sangue. Um dos únicos lugares seguros para Semideuses do mundo. Podemos dar um passeio pelo lugar?
-Claro.

Começamos a andar por lá. Pelo que Quíron falou, haviam vários chalés, unidos em forma de ômega, dos quais dentro fixavam-se os Semideuses, separados por parentesco. Ou seja, no chalé de Apolo, por exemplo, viviam filhos e filhas de Apolo, o que era óbvio.
Ele também explicou que lá aconteciam atividades de preparação para o futuro, como Captura à Bandeira, o que ia ser realizado dali a 1 hora. Ele nos mostrou os chalés, e um arrepio me atingiu quando passamos pelo de Poseidon.

-Agora que já sabem onde estão, vou pedir que Annabeth as leve à dispensa de espadas, para escolherem uma. - assim que disse isso, galopou para longe.
-É muita informação pra mim. - disse eu, me sentando em uma rocha.
-Aqui tem garotos gatos? - perguntou Debby
-Você pensa nisso uma hora dessas. - revirei os olhos.
-Olá, meninas! - pouvi a voz de Annabeth.
-Oi. A gente vai ter espadas? - perguntei
-Sim. Como esperam que vão lutar com monstros? Com palitos de dente? - ela riu e seguiu na direção de uma construçãozinha. Abriu a porta e dentro haviam todo tipo de armas. Lanças, espadas, adagas, etc.

-Você primeiro, Missie. - ela disse e me levou para dentro do lugar. Passou os dedos pelas espadas, e me entregou uma. - Que tal essa?
Peguei a espada. Era pesada e não se ajustava em minha mão.
-Não. - eu disse e ela a colocou no lugar. Olhou mais um pouco e me entregou uma adaga.
-E essa? - perguntou. Eu a analisei. Cabia em minha mão, mas também era pesada.
- Também não.
No fundo do quartinho, uma espada começou a brilhar. Fui até ela e a peguei. Não era pesada, e cabia perfeitamente em minha mão.
-Ah, esta é uma espada forjada por Hefesto. Ele deu à Poseidon, mas ele não gostou e a entregou ao acampamento. Nunca nem chegou a ter um nome.
-Gostei dela. - eu a analisei. Era grande e brilhante.
-Quer ficar com ela? - perguntou Annabeth.
-Sim. É perfeita.
-Engraçado você ser destinada a uma espada de Poseidon. Ele não tem filhas semideusas.
-Não? - perguntei.
-Não semideusas, mas sim ninfas. Enfim, agora vamos. Faltam 20 minutos para a Captura à Bandeira e sua amiga também precisa de uma espada. Jason está lá fora, você pode pedir que ele te leve até o bosque. Nos vemos depois.

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Gente, desculpa a demora e o capítulo ser pequeno. Demorei 3 horas pra escrever porque estou com o braço engessado. Tive que escrever com uma mão só. Mas obrigada por lerem.

Beijos,
#Mandie :3

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