"-Me desculpe por isso. - ele disse, e antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, ele me beijou."
Naquele momento, a únicas únicas coisas que eu conseguia pensar eram "Merda merda merda merda merda merda" e "Vou morrer." Se bem que um "Merda, vou morrer." também cairia bem.
Eu estava com os olhos arregalados, de surpresa, mas depois de alguns segundos, me permiti fecha-los. As batidas do meu coração estavam tão fortes, tão altas que eu tinha certeza que teria um enfarte. Nem sabia se era possível um coração bater tão rápido assim.
Nico passou as mãos pela minha cintura e me agarrou para mais perto ainda, mas eu continuava sem reação.
Por uns 4 segundos, senti um vento passar em volta de nós dois, como se um furacão tivesse engulido nossos corpos, e estivéssemos no fundo dele.
Ele devia saber que eu nunca havia beijado antes, porque nem sequer tentou usar sua bela língua. Ele apenas explorava meus lábios com os dele.
Depois de mais ou menos 2 minutos, ele lentamente se descolou de mim, e eu abri os olhos.
Ok, uma coisa estranha haviam acontecido.
Não estávamos mais no chalé de Hades, no Acampamento Meio-Sangue. Estávamos no alto de um prédio em Londres. Ao longe, eu podia ver o grande relógio Big Ben, ao leste.
Eu não sabia se deveria ficar desesperada porque acabei de beijar um garoto, porque tínhamos teletransportado para Londres ou porque estávamos no alto de um prédio e não havia como descer.
-Droga. Odeio quando isso acontece. - disse Nico.
-Quando você beija garotas que por acaso são irmãs do garoto que você era apaixonado? - pergunto, me afastando dele com um empurrão.
-Não. Quando viajo nas sombras sem querer.
-Quando você o quê?
-Viagem nas sombras. É uma característica dos filhos de Hades ou Plutão, e você meio que se afoga na sombra de alguma coisa e aparece em outro lugar. Geralmente venho pra cá quando preciso pensar.
-E você está precisando pensar agora?
-Eu não sei. Não sei de nada.
Ele andou até a ponta do prédio como se estivesse andando na praça, e se sentou no pequeno muro, sem se ligar do fato de que havia pelo menos 20 andares abaixo, e se ele caísse morreria num piscar de olhos.
Procurei qualquer coisa que pudesse nos levar para baixo, sem ser o precipício. Não havia escada, elevador, nada.
-Poderia pensar em um jeito de me tirar daqui? Não sei porquê, mas sinto que não posso ficar em um lugar muito alto. E ah, poderia pensar também que você pode cair com um pequeno movimento, e morrer.
-Já tentei pular daqui uma vez. - ele contou, ainda olhando a paisagem. - Quando caio no chão, afundo no solo como se numa viagem nas sombras e retorno para esse lugar. Não tem como eu morrer caindo daqui.
-Mas tem como EU morrer. Então, por favor, me tire daqui. - eu falei, soando um pouco como uma ordem.
-Não dá para esperar um pouco? Eu estou tendo trilhões de pensamentos aqui. Você me deixa maluco.
-Então por quê você me beijou? - perguntei.
Ele se levantou do murinho, e se virou para minha direção. Franzia o cenho como se estivesse me avaliando, e sua cabeça estava levemente inclinada para direita.
-Você parece tanto com...
-Pare de dizer isso!! - o interrompi. - Percy e eu somos irmãos. Mas não sei se notou, eu sou uma garota!!
Ele deu uma risadinha estranha, com a boca fechada.
-Não pensei que sentiria atração por uma garota de novo. Mas não sei se posso contar você como uma, já que é como o Percy de peruca loira.
Levantei o dedo, apontando para ele.
-Olha, você parece muito com um fantasma, ou uma pessoa morta, mas eu não fico jogando isso na sua cara. E pelo amor dos deuses, Percy de peruca loira ficaria horrível!!
-Não ligo para minha aparência. Não ligo se pareço uma pessoa morta. Então, se você curte necrofilia eu não tenho nada a ver.
-Necrofilia? O que? Pra começo de conversa, foi você que me beijou, não eu. Então, se você curte garotos de peruca eu não tenho nada a ver.
Paramos de falar, e ficamos em um silêncio constrangedor por alguns segundos. Nico ainda estava com o cenho franzido, mas dessa vez parecia bravo. Imaginei que eu também estava assim. Então, ele começou a rir de um jeito um pouco assustador, mas imaginei que a risada normal dele deva ser assim mesmo. Comecei a rir também, e logo, estávamos quase mijando nas calças.
Depois de mais ou menos 3 minutos rindo, eu consegui recuperar minhas estruturas e parei de rir. Ele fez o mesmo, e colocou a mão na testa.
-Cara, acho que eu não ria assim a anos.
-Eu nunca tive muitos motivos pra rir. Minha vida sempre foi uma droga.
-De onde você veio? - ele perguntou, se sentando no chão, e puxando minha mão, para que eu sentasse do seu lado.
-Vim de um orfanato perto de Manhattan. Lá era um inferno. A maldita da diretora, Ellizabeth, nunca nos deixava sair de lá para nada, nem em passeios escolares. Ela dizia que eu...que eu não era como os outros, que eu era um perigo. Só agora entendo o que ela queria dizer. Só não entendo como ela sabia que eu era uma semideusa.
-Monstro ela não devia ser, porque senão ou já teria te matado, eu você já teria matado ela. E o treinador Hedge teria sentido, quando foi lá te buscar. - ele disse.
-Eu não sei...tudo é tão estranho. Cara, a minha vida toda é estranha.
Ele deu um sorrisinho.
-Vida de semideus nunca foi fácil e nunca vai ser. Aliás, já é um perigo nós estarmos fora do acampamento agora. Uma filha de Poseidon já exala muito cheiro, agora uma de Poseidon com outra semideusa...monstros da Rússia devem poder sentir seu cheiro.
Levantei o braço e cheirei a axila esquerda.
-Mas eu tomei banho hoje. Eu deveria feder tanto assim?
-Não me refiro a fedor, sua idiota. Me refiro ao cheiro natural que os semideuses têm. Monstros e sátiros podem sentir.
Dei um soquinho nele de leve.
-Não me chame de idiota, seu idiota.
-Você mudou de nome?
Franzi o cenho. Me esforcei pra entender o que ele quis dizer, mas fracassei.
-O que quis dizer com isso?
-Filhos de Poseidon. - ele revirou os olhos. - Sempre tão lerdos.
-Ei! Você me odeia mesmo, não é? Já me chamou de vadia, idiota e lerda, vai me chamar de quê agora?
Ele levou os olhos até mim. Eu não conseguia ler sua expressão, mas parecia a expressão de um gatinho, quando você chama o nome dele.
-Você...
-Vai dizer que sou parecida com o Percy de novo? - o interrompi. Ele deu um sorrisinho.
-Não. Eu ia dizer que você é linda.
Senti meu rosto ficar vermelho. Virei a cabeça para o outro lado, na esperança de que ele não visse.
-Leo vive me dizendo isso. Eu já pedi pra ele parar tantas vezes...
Ele bufou e grunhiu.
-Será que dá pra não falar sobre seu namoradinho pra mim?
-Eu já disse que Leo não é meu namorado. Mas e se fosse? O que você tem contra? Ele é o garoto mais legal que eu já conheci. Eu até estava pensando em...
Ele me beijou de novo, me cortando. Mas dessa vez, durou 2 segundos, porque eu o afastei.
-Pare de fazer isso!! - gritei, enquanto me levantava e me afastava dele. Fiquei de costas pra ele, com os braços cruzados, observando as ruas.
Eu realmente gostaria de morar ali.
-Desculpa! Eu devo ter um fraco por garotos de peruca. - ele disse.
Ainda de costas pra ele, me permiti sorrir, sem que ele visse.
-Não sei se eu curto necrofilia.
Por alguns segundos, ficamos em silêncio. Então, eu senti braços me abraçando por trás.
-Tem certeza? - ele sussurrou no meu ouvido, com uma voz sexy.
Meio que sem querer, deixei sair um gemido baixinho.
-Isso é muito pior que me beijar. Por favor, não faça isso. - eu murmurei, mas não me soltei de seus braços.
-Por que? Você por acaso... - ele colou os lábios em meu ouvido. - tem medo de se apaixonar por um filho de Hades?
Me soltei dele num movimento tão rápido que quase caí do prédio.
-NUNCA MAIS FAÇA ISSO, NICO DI ANGELO!!! - Gritei, correndo para o mais longe que eu podia ficar dele sem cair. Ouvi a risada dele, atrás de mim. - Por favor. Apenas nos leve de volta para o acampamento, mas não no chalé de Hades. Lá tem camas. E eu estou com medo de você.
-Acha que eu vou te estuprar? - ele riu, do meu lado.
-Depois disso, sim, eu acho. Agora, anda logo, porque eu acho que vou precisar de 10 anos de terapia se passar mais 5 minutos com você.
Ele riu, pegou na minha mão, e eu fechei os olhos.
Senti novamente aquela sensação de um furacão estar engolindo nós dois, e, depois de 1 minuto, ele disse:
-Pode abrir os olhos.
Eu o fiz.
Estávamos perto do lago de canoagem, no acampamento, e logo a frente, a parede de escalada com lava caindo brilhava. Já deveria ser mais ou menos umas 21:00, então, me soltei dele e olhei ao redor.
-Onde fica meu chalé?
-Quer que eu te leve?
-Não, por favor. Apenas diga onde é e caia fora. Não quero 10 anos de terapia.
-Tudo bem. Pra esquerda. - ele apontou para a direção, onde eu podia ver todos os chalés. - O terceiro que você ver daqui.
-Muito obrigada. - eu soei sarcástica, e comecei a andar na direção que ele me passou. - E ah, NUNCA MAIS ME BEIJE!! - eu gritei, uns 10 metros longe dele. Ele apenas riu, andou até a sombra de uma árvore e desapareceu.
Não havia ninguém fora dos chalés. No alto, eu via uns estranhos animais alados, que estranhamente voavam através de mim. Corri até meu chalé, abri a porta e a fechei rapidamente.
Fiquei olhando para a porta por alguns segundos.
-Leo foi dormir no chalé de Hefesto hoje. - ouvi a voz de Percy atrás de mim. - Ele disse que também não sabia onde você estava. Fui no chalé de Hades, e nem você nem Nico estavam lá. ONDE VOCÊ ESTAVA??
Olhei para ele. Ele estava com os braços cruzados, e com uma expressão claramente brava. Achei engraçado e dei uma risadinha curta.
-Fui pro puteiro fazer hora extra. - ironizei, sentando na minha cama.
-Eu estou falando sério. Você vive sumindo, garota! Primeiro com o Leo, agora com... - ele franziu a sobrancelha, e uma expressão sombria tomou conta de seu rosto. - Com Nico.
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Hey, Cupcakes. Vocês não comentaram de novo. Ok, 12 pessoas viram e nenhuma comentou. Obrigada! Enfim, mesmo assim, não vou parar de escrever porque eu sei que entre essas 12, pelo menos 2 lêem mesmo. E eu agradeço a essas pelo menos 2.
Beijos,
Mandie :3
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